Nostalgia 2021: A Versatilidade de Thales Pan Chacon

 


Ator, bailarino e coreógrafo Thales Pan Chacon, foi uma personalidade bastante admirada entre o público e seus colegas de profissão. Nascido em 23 de novembro de 1956, Thales chegou a cursar arquitetura na USP, mas acabou desistindo do curso para se entregar as artes ainda nos anos 70 inicia seus estudos em dança fazendo sua estreia como bailarino no espetáculo Caminhada (1974), de Célia Gouvêa.

Além desta produção o mesmo ainda atua em Scapus (1975), Auké (1975) e Quem Sabe um Dia (1976), senda a sua primeira contribuição coreográfica. No final dos anos 70 decide se mudar para a Bélgica, retornando ao Brasil dá continuidade à sua carreira teatral em diversas produções a exemplo da montagem de Chorus Line, dirigido por Walter Clark (1983), Gardel, uma lembrança (1987).

Em 1982 ele estreia na televisão interpretando Bianco Pacheco na minissérie policial Avenida Paulista, no ano seguinte participou de Moinhos de Ventos na pele de Thiago Barreto ambas produzidas pela Rede Globo, porém em 1986 participa do filme Eu Sei que Vou te Amar, dirigido por Arnaldo Jabor e protagonizado por Fernanda Torres (que pela atuação conquistou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes), após este trabalho Thales alcança o estrelado e passa a participar de inúmeras novelas e minisséries.

Thales com seu par em "Helena"

Em 1987 se torna protagonista de Helena, na extinta Rede Manchete, no ano posterior volta a Rede Globo como Heitor Flores um dos principais personagens em Fera Radical. Em O Salvador de Pátria (1989) foi o advogado Cássio, em 90 retorna a Rede Manchete onde participa do policialesco Fronteiras do Desconhecido ainda neste ano vive o bon vivant que não quer nada com trabalho Henrique em Meu Bem, Meu Mal na Rede Globo.

Seus últimos trabalhos na emissora dos Marinhos foram nas minisséries Anos Rebeldes (1992), Sex Appeal (1993) e na novela “sobrenatural” Olho no Olho (1993). Seu último trabalho na televisão foi dando vida a Otávio Caldas no remake de Os Ossos do Barão no SBT.

Em sua trajetória Thales, pode mostrar a sua versatilidade dando vida a diferentes perfis, como bailarino o mesmo foi bastante elogiado por diretores e público que o prestigiou, como pessoa foi bastante apaixonado por sua esposa (1986-1992) e amiga a também atriz Carla Camurati, que o dirigiu em seu último trabalho no cinema em La Serva Padrona (1997). Thales nos deixou em 02 de outubro de 1997, aos 40 anos em decorrência das complicações do vírus da AIDS.



Na Resenha com Pedro - projeto VOZES PRETAS | Luiz Fara Monteiro

Dando continuidade ao projeto VOZES PRETAS, destaco o mercado de trabalho para os negros. A taxa de desemprego da população preta é historicamente maior do que a de brancos, porém com a pandemia que estamos vivendo esta taxa chegou a um recorde histórico desde 2012. Segundo dados do IBGE, o índice de desemprego no último trimestre de 2020 fechou desta forma: 16,1% pessoas de cor preta, mesmo percentual para pardos, enquanto a de brancos foi 11,5%.

Ainda de acordo com o IBGE, o perfil mais comum de desempregado no ano anterior foi de homem jovem de cor preta com ensino médio incompleto ou equivalente. Mesmo havendo políticas de inclusão, o nosso país ainda assim, é perverso com a população negra. Para não esquecerem: #VIDASPRETASIMPORTAM.

Para falarmos melhor sobre o mercado de trabalho na área do jornalismo e um pouco da sua carreira convidamos o jornalista e radialista premiado Luiz Fara Monteiro, apresentador do Jornal da Record. Na nossa entrevista falamos um pouco sobre os desafios que um jornalista negro pode encontrar no mercado de trabalho, sobre políticas públicas para a inclusão do estudante em instituições de ensino, além dos percalços que um jornalista negro pode encontrar para fazer um bom jornalismo. Deixo aqui meu agradecimento pela oportunidade em entrevistá-lo, quero que saiba que como jornalista me espelho no seu trabalho e vendo você à frente de um dos principais telejornais do país me faz lembrar que sim, nós jornalistas pretos podemos chegar onde quisermos.

Pedro Lima: O que te levou para o jornalismo? Como foi sua trajetória no período acadêmico?

Luiz Fara Monteiro: Meu primeiro emprego foi aos 16 anos, como locutor de rádio, em um grupo de comunicação da capital federal. Embora o universo de rádio e tv me atraísse desde a adolescência, naquele momento em jamais imaginava que fosse trabalhar no meio.

Anos depois fui convidado para apresentar um programa de entretenimento na tv do grupo e só então me interessei em cursar jornalismo. Quase cinco anos depois eu estreava na Rabiobras, atual EBC, exatamente no dia 11 de setembro de 2001, quando houve os atentados nas torres gêmeas. Meu período acadêmico foi tranquilo e corrido ao mesmo tempo, corrido porque eu dividia meu tempo entre a faculdade e os três empregos. Tranquilo porque muito conteúdo do curso eu já conhecia na pratica.



PL: Sabemos que ainda há poucos jornalistas negros em atividade no país, e que para se inserir no mercado é preciso ter um diferencial. Quais desafios um jornalista negro no início de carreira pode se deparar? Você se deparou com algum?

LFM: Há poucos jornalistas negros, como há poucos advogados, magistrados, médicos, engenheiros, cientistas negros. Penso que a origem está na falta de acesso à boa educação da população de baixa renda, formada em sua maioria por pretos.

O primeiro desafio de um jornalista negro, infelizmente, é mostrar que é capaz de desenvolver a função tão bem ou melhor que seus colegas de pele clara. Outro desafio é a remuneração equiparada aos brancos, se for mulher a dificuldade pode ser maior ainda, por outro lado algumas empresas perceberam que é possível encontrar este profissional disponível no mercado e acordaram também para a importância da diversidade.

Mas é bom ressaltar que na pratica, eu e outros colegas pretos que exercermos a função estamos ali antes de mais nada pela competência. Sonho com o dia em que a sociedade como um todo enxergará profissionais antes de mais nada, a cor da pele não terá importância.

PL: Atualmente temos programas sociais para o estudante de escolas públicas ingressarem nas universidades e faculdades, porém de acordo com dados do IBGE o número de estudantes negros ainda é metade do total do número de brancos. Em sua opinião, porque esse número não é igualitário?

LFM: Ainda não é igualitário porque leva tempo para que as ferramentas e sua abrangência alcancem seus objetivos. Mas há dados do mesmo IBGE que mostra que pretos e pardos são maioria nas universidades públicas do Brasil, reflexo de políticas públicas que proporcionaram o acesso da população preta e parda na rede de ensino.

E veja que auspicioso: esta informação foi divulgada em novembro de 2019, justamente quando comemorávamos mais uma semana da consciência negra. Tenho orgulho de lembrar que na ocasião, a emissora para qual trabalho reuniu em São Paulo sete profissionais negros que mostraram uma série especial de reportagens sobre as conquistas e desafios dessa população.

PL: Mesmo com as constantes transformações no mercado jornalístico provocadas pelo advento da tecnologia, acredita que é possível afirmar que as empresas de comunicação segregam jornalistas negros?

LFM: Nunca soube de empresa de comunicação que segreguem jornalistas negros se existe, não conheço e se conhecesse, denunciaria. O que noto ainda é uma falta gritante de profissionais negros em suas redações ou no vídeo, mas não posso especular sobre o motivo, talvez passe pela ausência como um todo de disponibilidade de profissionais negros no mercado ou falta de orçamento para expansão de vagas.

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PL:
Em 2008 você passou a ser correspondente da RecordTV na África do Sul, como foi essa experiência? Voltaria a ser correspondente?

LFM: A experiência foi maravilhosa, a melhor da minha vida. Estive a cinco metros de Nelson Mandela em abril de 2009, quando o ex-líder foi votar na eleição presidencial que elegeu Jacob Zuma. Não o entrevistamos porque ele já estava com a saúde debilitada e não atendia mais jornalistas, foram dois anos de viagens e experiências espetaculares com foco nos preparativos para a realização da primeira copa do mundo no continente africano.


PL:
Desde março de 2019 eventualmente você apresenta o Jornal da Record, principal telejornal da emissora, para você como é apresenta-lo? Acreditou que um dia chegaria a esta posição?

LFM: Para ser sincero, sempre achei muito difícil chegar até a bancada do JR porque minha base era Brasília e eu nunca conversei com alguém sobre essa possibilidade. Embora tenha entrado na emissora como apresentador em Brasília, meu foco sempre foi reportagem seja na cobertura política em Brasília, seja na África do Sul como correspondente. São muitas responsabilidades de se apresentar o JR, considerado internamente como um dos principais produtos da emissora.

PL: Um jornalista deve estar preparado para cobrir diversas pautas, mas sempre à aquela que o mais o desafiou, qual a sua? E porquê?

LFM: Toda pauta é um desafio e o jornalismo é tão dinâmico e surpreendente que pautas que você imagina ser tranquila quando recebe se torna de uma complexidade enorme quando você chega na rua. Assuntos que você imagina que não irá gostar acaba sendo prazeroso, costumo dizer que no jornalismo cada dia é uma história e cada pauta uma surpresa.


PL:
Qual mensagem você deixa para o jovem negro, que tem o anseio em um dia se tornar um jornalista de renome como você?

LFM: Certa vez eu estava gravando um stand-up na rua em Brasília quando uma senhora me disse que o filho dela, negro como eu, sonhava em ser jornalista de tv mas que não acreditava que seria capaz porque não via repórteres nem apresentadores negros, e quando me viu ela passou acreditar que seria possível. A mensagem que eu deixo é que o jovem negro que queira ser jornalista vá taras do seu sonho e não se deixe abater por nada, mas que se prepare para um mercado competitivo, que devore livros, jornais, sites, que leia política, economia, cidades, tudo. Que se especialize em um ou mais segmentos para que tenha diferenciais dentro de uma redação, acreditar em si é o principal segredo.

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O Big Brother Brasil 21 e o retrato da sociedade atual

 


Quando os participantes da vigésima primeira edição do Big Brother Brasil foram anunciados, muitos eram vistos como artistas incríveis que lutavam por causas sociais e levantavam bandeiras de igualdade. É o caso de Projota e Karol Conká, por tanto, apenas duas semanas depois da estreia do reality, que eles dizem estar se mostrando de verdade, mostram um lado sujo e que vai contra tudo o que pregam na internet. 

E eu citei apenas os dois, mas o elenco é grande. Nego Di Rodolffo, que felizmente eu não conhecia antes do reality, FiukViih Tube e Pocah. Essa última, lançou uma música em parceria com a Pabllo Vittar antes de entrar na casa, e tem uma parceria gravada com Lia Clark, mas ontem foi responsável por colocar um dos participantes, Lucas Penteado, contra a parede por ter beijado um homem, sendo que nunca tinha mencionado ser bissexual. Oi? Desde quando devemos nos impor sobre a sexualidade de alguém?

Temos também participantes que não são do camarote, como a psicóloga Lumena, que se mostra completamente equivocada e com falas que são completamente banais. Uma mulher LGBTQI+, negra, também foi uma das participantes que colocou um garoto de 24 anos contra a parede diversas vezes, e jamais conseguiu ouvir o que ele tinha pra falar. E ele tentou tanto. Ela condena, mas se cala ao ver falas machistas, bullying e tortura psicológica - que na maioria das vezes também é feito por ela. 

Lucas é pauta, mas Juliette também sofre todos os dias por sua forma de falar. Carla Diaz também já foi vítima desse mesmo grupo. Aos poucos, a lista vai crescendo, e apesar de militarem na internet, eles são o retrato da sociedade brasileira. Onde, ao que parece, levantam bandeiras apenas para se promover, mas quando existe uma pessoa que precisa ser ouvida, eles excluem, não ouvem, tentam impor suas verdades de maneira drástica e sem empatia. E empatia é um sentimento que essa turma prega de uma maneira tão linda nesse mundinho que é a internet. 

Hoje, Lucas Penteado desistiu do programa. Ele estava abalado emocionalmente após tanto brincarem com seu psicológico e o pintarem como monstro. Felizmente, ele estava em um reality, onde ele pode entrar em uma sala e pedir pra sair. Na vida real, geralmente a sala é o suicídio. Jovens que são tratados como ele foi, muitas vezes não tem uma ajuda ou uma oportunidade pra pedir pra sair. Ainda bem que ele estava em um reality. Ainda bem. E que tem um público incrível aqui fora para lhe dar muito carinho e acolhimento. E aos que estão lá dentro, se achando as melhores pessoas do mundo, fica nosso até logo. Não vemos a hora de ver sair um por um.

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