Cinco casais que representaram a comunidade LGBTQIA+ nas telinhas

Hoje, 28 de junho, é o dia do Orgulho LGBTQI+, e por isso venho citar dez casais de novelas/séries da comunidade para torcermos. Seja de produções atuais ou não, o intuito é comemorarmos esse dia lembrando personagens que nos representam no meio de tanta heteronormatividade. 

BRIAN E JUSTIN (Queer as Folk)


Queer as Folk foi uma série que levantou todas as bandeiras LGBTQI+ através dos personagens. Falou, de maneira polêmica, sobre todos os pré-conceitos que nós da comunidade sofremos. E além disso, nos apresentou Justin (Randy Harrison) e Brian (Gale Harold), um casal fora do normal para torcermos. Na minha opinião, até hoje nenhuma série conseguiu se aprofundar tanto na temática quanto essa.

LUCCINO E OTÁVIO (Orgulho e Paixão)


Casal da novela das seis da Rede Globo, Otávio (Pedro Henrique Muller) e Luccino (Juliano Laham) conquistaram a torcida do público. A novela de época construiu muito bem a história dos dois, e isso fez toda a diferença. Até ontem, uma história entre dois homens no horário das seis ia gerar grande polêmica, e talvez até tenha causado um barulhinho, mas a forma como foi apresentada fez toda a diferença. 

VICTOR E BENJI (Love, Victor)


Recém estreada, Love, Victor é um spin-off do filme Love, Simon. A série aborda de maneira leve a descoberta de um jovem gay que vem de uma família religiosa. Ele até tenta ser o que os pais esperam dele, mas tudo muda quando ele conhece Benji, um colega do colégio, e se encanta por ele.

CLARA e MARINA (Em Família)


Última novela de Manoel Carlos no horário nobre, Em Família trouxe Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Muller) como duas mulheres que se envolvem em determinado momento da história. Clara, mãe de um filho e casada com Cadu (Reynaldo Gianecchinni). As chances de o público dar as costas para essa história eram grandes, mas acabou que o casal se tornou um dos favoritos do público - e ambas tiveram um lindo final feliz.

LUKAS E PHILLIP (Eyewitness)


Eyewitness não é uma série muito conhecida, e isso é triste. A série tem como protagonistas dois adolescentes que mantém uma relação secreta. Por tanto, após serem testemunha de três assassinatos, eles entendem que suas vidas estão interligadas para sempre e não tem mais como esconder. A série é composta por dez episódios, e o melhor é que mesmo cancelada precocemente, ela possui um final pois foi projetada para ser uma antologia, possuindo uma história diferente para cada temporada. Se você não assistiu, corre. Vale a maratona!

O seu favorito não está na lista? Deixe nos comentários!

A volta precoce das novelas com inúmeras limitações



Deve ser muito frustrante ter que parar uma novela no meio, ainda mais por conta de algo tão sério quanto o que estamos vivendo. Mas, depois de alguns meses, a notícia de que Amor de Mãe e Salve-se Quem Puder pegou muitos noveleiros de surpresa, mas não de uma forma positiva.

É claro que medidas devem ser tomadas, mas como se animar em saber que atores não poderão se aproximar e muitos personagens não irão voltar por fazer parte do quadro de risco? Não tem como. Faz alguns meses que aguardamos por capítulos inéditos, mas não é justo voltar dessa forma e acabar com toda a história que o autor colocou no ar antes desse caos que se encontra o mundo. 

Por isso, se for pra ser como estão anunciando, qual a dificuldade em manter as reprises até tudo se normalizar? Assim, nós estaremos aqui sedentos para continuar acompanhando a história desses personagens de uma forma que não prejudique a obra em um todo. Um dos exemplos é Malhação - Toda Forma de Amar, que não era lá essas coisas, mas teve um final podre, e nenhum dos profissionais envolvidos mereciam um último capítulo daqueles, então imagina dois meses de novela pela frente - como é o caso de Amor de Mãe. É pra se pensar no público e adiar esse retorno...

Love, Victor | Primeiras Impressões



O filme cumpriu seu papel, e a série veio para dar continuidade naquela história. E eu fiquei bem feliz em saber que essa continuidade aconteceria sem ser baseada na história central do filme, e sim passar apenas no mesmo universo. 

Me surpreendeu nesse primeiro episódio, a conexão entre as duas obras. Achei muito interessante como isso foi introduzido, e o primeiro episódio serviu bem para conhecermos esses novos personagens sem saber muito bem o que vem pela frente - mesmo a série sendo aquele clichê que amamos.

A primeira impressão é que tem atores muito bons, mas também tem muito o que melhorar. Principalmente o protagonista que parece estar um pouco tímido em cena, por tanto, isso pode fazer parte da construção do personagem e vamos ter certeza mais pra frente. 

Love, Victor veio para representar toda a comunidade LGBTQI+ que adora um clichê para chamar de seu. E eu realmente espero que além do romance, eles aprofundem melhor seus temas e consiga passar uma mensagem de amor e empatia ao próximo. Eu estarei daqui acompanhando, e volto a qualquer momento para falar sobre.

Vitor Kley foge de sua zona de conforto em A Bolha, seu novo álbum de estúdio


AVALIAÇÃO: ★★★★

Foi em um Música Boa Ao Vivo que eu passei a olhar para o Vitor Kley com outros olhos. Cativante, o cantor conseguiu me levantar do outro lado da tela e me fez querer saber mais sobre a sua carreira. Eu já tinha ouvido algumas coisas, mas sem aquela atenção especial como naquele momento.

A Bolha, seu novo álbum, é como um complemento de tudo o que ele veio fazendo desde o início da carreira, por tanto, se arriscando mais e saindo de sua zona de conforto. Apesar de a maioria das faixas falarem sobre uma garota que o faz sair de órbita, a produção do álbum é rica e complementa as composições mais maduras. Faixa que foge um pouco do romance, O Amor é o Segredo é um dos pontos altos do álbum, assim como a faixa que leva o título do álbum, A Bolha, onde o jovem canta que é "maior que as montanhas/ voo bem mais que um avião/ sou uma pessoa estranha/ dou valor ao que há no coração...", reforçando seu discurso de paz que vem desde quando surgiu na mídia. 

Vitão participa de Jacarandá, single lançado há algum tempo, mas Dúvida, com Jão, roubou o lugar de feat favorito. A faixa com o cantor de Me Beija com Raiva é bem gostosinha, e é uma boa pedida para single. Sem contar que as vozes se encaixaram perfeitamente. 

Vitor Kley fala que A Bolha é o trabalho mais verdadeiro até então, e isso fica evidente. Assim como foi quando o assisti no Música Boa, esse álbum nos faz sentir inúmeros sentimentos bons. E mais uma vez, o sol brilhou para o artista, que vem acertando nos passos da carreira fonográfica. 


A trajetória do negro no audiovisual e suas implicações



Ainda meio aéreo e muito reflexivo sobre tudo o que vem acontecendo, e a proporção de como os protestos vem crescendo, venho por meio desse parágrafo me expressar, pois, entendo os meus privilégios como uma pessoa branca, e se tem algo que eu posso fazer é indicar e disseminar a cultura negra, uma cultura tão rica em ritmos, danças, filmes e séries. Ao pensar sobre o tema do título decidi fazer uma reflexão global sobre o audiovisual e toda a luta do negro, mas não deixar somente isso e reforçar suas conquistas. Ao ler e pesquisar e debruçar sobre o tema proposto me surpreendi pelas lutas e também pelas vitórias, algo que deve ser mais levado em conta. Sem mais delongas, vamos lá.
Primeiro de tudo vamos definir alguns o conceito de raça, segundo o sociólogo Anthonny Giddens, a raça pode ser entendida com um conjunto de reações sociais que permite que os indivíduos sejam classificados, por atributos ou competências com base em sua característica biológica. As formas de distinção raciais acontecem devido a reproduções de poder e desigualdade na sociedade. Desde muito cedo, o negro nunca teve papéis importante no audiovisual e até ele se consolidar no meio, foi uma luta muito grande, em que exigia um esforço maior.

Para abrir um pouco o tema, vamos começar com Hattie Mcdaniel, caçula de 13 filhos, filha de um casal de escravos que tinha acabado de ser libertos e chegado no Kansas para fugir da extrema pobreza. Juntou com dois de seus irmãos um grupo de vandeville, uma espécie de teatro regado a música e muita confusão no enredo no qual se destacou. Após a crise de 1929 foi para Milwaukee, no hotel Sububirbian, em que conseguiu um emprego de assistente de banheiro feminino. Um dia no hotel, após a saída dos artistas, o gerente do local pediu que alguém voluntário subisse no palco e cantasse, Mcdaniel subiu e encantou, ficou dois anos protagonizando o espetáculo do hotel e não teve mais que lavar o banheiro. Em 1934, Hollywood ainda não entregava papéis relevantes a negros eram somente cargos de garçons, motoristas e empregados, não demorou muito para o produtor John Ford ficar de olho em Hattiee  aproveitar o seu jeito sarcástico e atrevida para levar para o cinema, estrelando em um clássico do cinema, E o Vento Levou, em que interpretou Mammy, a empregada e fiel escudeira de Scarlet’O Hara(Vivian Leigh), a única que conseguia domar a filha de sua patroa, interpretando Mammy, apesar de ainda cair no estereótipo de papéis com pouca importância como o caso de retratar uma empregada, ainda conseguindo ganhar destaque no filme, mesmo com um papel irrelevante. Em 1940, ocorreu a tradicional cerimônia do Oscar e Hattie conseguiu um feito histórico, levar a estatueta, de melhor atriz coadjuvante, porém nem tudo são flores, Selznick um dos maiores produtores de Hollywood da época teve que pedir autorização para Hattieentrar no teatro e ainda teve que ficar em uma mesa ao fundo, longe do elenco, mas vale ressaltar o feito da primeira atriz a ganhar o Oscar, acho isso muito válido, é muito triste em saber que ela não participou da cerimônia de maneira normal como todos, mas levou um Oscar para a casa. 

Vamos relembrar alguns Oscar famosos por atrizes e atores negros que chamaram a atenção em seu papel. Na categoria “Melhor Atriz”, somente Halle Berry se destacou em “A Última Ceia”, em 2005. Na categoria “Melhor Ator” vários nomes se destacaram como Denzel Washigton, em 2002, por “Dia de Treinamento”, Jamie Foxx por “Ray” em 2005 e Forest Whitekar por o “O Último Rei da Escócia”. 



Na teledramaturgia podemos ver como atores e atrizes negros começaram a ganhar protagonismo de um tempo pra cá, como exemplo a atriz Taís Araújo em que viveu a primeira protagonista negra em Da Cor do Pecado, e vale relembrar que Preta, foi uma mocinha empoderada, cheia de atitude, mesmo em meio a atitudes racistas e preconceituosas de Barbara (Giovanna Antoneli), como muitas vezes chamava Raí (Sergio Malheiros), filho de Preta, de neguinho. Interessante notar que enquanto uma protagonista negra ganha força, a sociedade branca reage de maneira racista, Barbara é o estereótipo mais crível de uma sociedade que julga apenas pela cor, sem nem se importar com  o próximo, Preta e Raítinham muitas qualidades como saber ouvir, o companheirismo, afetuosos, mas a vilã só julgava por sua cor e por representar uma ameaça do seus planos. A atriz chamou atenção na condução da personagem, Preta conseguia ficar no drama e segurar a sua personagem com leveza, desde então Taís Araújo, uma incrível atriz que soube se transformar em cada papel, se em Da Cor do Pecado temos uma moça humilde e pobre, em 2020 é possível ver o contrário em Amor de Mãe, novela de Manuela Dias, a esposa de Lázaro Ramos, interpreta Vitória, uma advogada rica e bem de vida que perdeu um filho na barriga, porém o que ficou foi o desejo de ser mãe. Durante a trama vimos uma cena em que Tiago, o filho adotivo de Vitória é confundido com um bandido por estar com seu pai adotivo, Raul (Murilo Benício), em um shopping. A cena realmente trouxe todo impacto do que é o racismo. A atriz também é muito famosa e já palestrou temas relacionados ao racismo. Em uma de suas palestras, ela comenta que seu filho jamais vai poder andar na rua com um boné, uma roupa de time, um andar adolescente sujo por ter jogado futebol e descalço, sem correr o risco de levar uma investida pesada da polícia ao ser confundido com um bandido e também fala da preocupação com sua filha, por ser mulher e negra, e que segundo os dados de 2015 sobre a violência no Brasil, o número de feminicídio contra as mulheres negras teve um aumento de 54,8%, e comenta estar apavorada com isso.

Na indústria fonográfica também mulheres negras também tiveram que lutar muito para chegar ao seu espaço e que mesmo consolidada já sofreu ataques racistas. Vamos falar um pouco de uma cantora lá de Barbados que foi descoberta por Jay-Z e hoje consolidou seu império não só na música, mas também na moda, Rihanna, a sua trajetória começa quando aos 9 anos cantou em escola que frequentava, aos 15 anos foi descoberta pelo produtor Evan Rogers que passava férias em Barbados, que em sua primeira audição cantando Mariah Carrey foi sucesso já garantindo o contrato com a  Def Jam Records. Desde então foi só sucesso, Riri de Barbados foi só sucesso, vamos pegar algumas vitórias para enaltecer o trabalho de Rihanna.



Considerada a 4º cantora com mais vendas na história com 35 milhões de álbuns vendidos, já levou 9 Gremmys, o prêmio considerado o Oscar da música, a primeira mulher negra a posar para a DIOR, uma importante revista de Cristian Dior no ramo da moda. Muitas conquistas que Rihannajá teve e isso ainda lhe implicou em diversas situações que teve que lutar contra o racismo, a primeira foi em um hotel em Portugal que a diva do pop encontrou com uma pessoa que falou que as mulheres negras eram prostitutas e cadelas, mas Riri de Barbados não ficou calada e respondeu com sotaque de sua terra natal a altura do que a pessoa merecia.



Outro fenômeno na indústria da música é Iza, sucesso aos seus 27 anos, e hoje é referência para muitas mulheres negras, conquistou o palco Sunset no Rock in Rio 2019, mas mesmo em meio ao sucesso, reconhece que já sofreu ataques racistas como apelido de “churrasquinho”. Em uma de suas entrevistas, durante o “Arquivo Confidencial” no “Domingão do Faustão” a cantora entende o seu papel e comenta; “Por conta da minha profissão hoje, acho que essa questão do assédio, do preconceito e do racismo fica velada, mas não some. As pessoas têm aquele receio de se expressar da forma como elas gostariam. Mas sei que, se isso não acontecer comigo, não significa que o racismo acabou. A gente ainda tem muita coisa para fazer.

É interessante ver como os negros estão ganhando mais espaço, ainda que lentamente, o negro está conseguindo a ser protagonista de sua própria história, como a Iza, Rihanna, Beyonce, Taís Araujo, estão ganhando a notoriedade merecida e saindo de papéis secundários. Sei que nos gráficos ao pé da letra, ainda é muito pouco e nós como sociedade temos que ser abertos a receber e a consumir mais dessa cultura tão rica seja por músicas, como o jazz, blues, funk e os filmes e novelas, em que negros deixam de ser apenas papéis irrelevantes e passam a ganhar mais visibilidade.

Encerro esse texto apenas refletindo com tudo o que vi por aqui e com uma reflexão, principalmente as pessoas que tem privilégios, hoje a forma de se lutar contra o racismo é reconhecendo o privilégio, mas nem por conta disso, se acomodar, ouvir, ver, conversar com negros e entender mais a sua realidade ainda que não passamos na pele isso, mas de alguma forma se mostrar aberto, desde as pequenas coisas como indicar um negro para uma vaga, porque não dar uma oportunidade para um negro? Vidas negras importam sim!!!



Kell Smith renova o som em O Velho e Bom Novo, álbum que fala sobre ser humano

 


"Será que as pessoas conseguem prestar atenção nas letras das músicas no meio de tanta correria? Espero que sim!", e assim Kell Smith inicia Seja Gentil, faixa que abre a primeira parte de seu segundo álbum de estúdio, O Velho e Bom Novo, sucessor do Girassol (2018), e primeiro longe das mãos de Rick Bonadio.

O Velho e Bom Novo nos mostra uma Kell inspirada e falando sobre temas atuais, como ela sempre fez, mas de uma maneira mais diversificada. Nessa primeira parte temos temas como a depressão, o luto e óbvio, o amor.

Vulnerável Eu Vou Conseguir tratam do mesmo assunto de maneiras diferentes. Faixas que falam sobre as fraquezas do ser humano de uma maneira bem tocante e real. As faixas são o ponto forte do álbum junto com Camomila, que vai na contramão, assim como Seja Gentil, sendo as únicas mais animadas do álbum, por tanto, ainda falando a mesma língua das anteriores. Camomila é sobre a dificuldade de não surtar em uma época tão difícil como a que vivemos - a digital - a faixa é um momento bem gostosinho do álbum, o respiro que ele precisava.

O Velho e Bom Novo é só a primeira parte do álbum completo, e com composições tão inspiradas e uma produção caprichosa, a segunda parte será aguardada com altas expectativas, e acompanhando o trabalho da artista sei que também é alta a chance de eu não me decepcionar.

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