Com personagem dramática, Claudia Raia foi o verdadeiro destaque de A Favorita




Sempre que falava de A Favorita, muitos comentavam sobre Flora (Patrícia Pillar) ser o ponto alto da trama, e o grande destaque da trama de João Emanuel Carneiro. Como falei anteriormente, estou tendo a oportunidade de ver a trama no Globoplay, e por isso, consigo colocar minhas próprias impressões aqui.

A trama de João Emanuel Carneiro realmente foi muito bem desenvolvida pelo autor, assim como seus personagens. E apesar de achar que ambas as atrizes roubaram a cena, percebo que o grande destaque é Donatela (Claudia Raia).

A personagem começa a trama como uma burguesa, e antes do capítulo 60 já vemos outra personagem em tela. Ela perdeu o apoio da filha, pessoa mais importante de sua vida, e também a sua liberdade, sendo acusada por um crime que não cometeu. Donatela perde tudo, e Flora, a verdadeira vilã, consegue o que sempre quis.

Claudia Raia brilha em cena, e é em A Favorita que sai de sua zona de conforto que é a comédia. Donatela tem sim seus momentos na primeira fase da novela, mas é uma personagem dramática, e com vários nuances. Claudia consegue passar toda a sua dor para o telespectador, e isso é muito difícil. Enquanto vejo que após a revelação, Flora se tornou uma vilã até um pouco caricata, e um tanto que comum, e o que lhe diferencia das outras, é que ela não tem um pingo de humanidade, e ninguém é, de fato, importante pra ela.

E não, não é desmerecer o trabalho de Patrícia Pillar, maravilhosa como Flora, mas também enaltecer o trabalho de Claudia Raia que - para mim - teve em A Favorita, seu melhor personagem até o momento. E é uma pena que desde então, a única personagem com certa relevância em sua carreira foi Jaqueline no remake de Tititi, enquanto as outras foram bem medianas. 

Gêneros Cinematográficos: Ação



Para sair um pouco das críticas, vou trazer esses dias em nossa coluna, Papo de Cinema, um texto sobre os gêneros cinematográficos, afinal, sabemos que ele existe, mas será que já paramos para analisar e entender eles? 

Pensando nisso, fundamentei meus argumentos na obra “Manual dos Gêneros Cinematográficos”, de  Luís Nogueira, para trazer esse estudo, na edição de hoje, vamos falar um gênero que todos curtem, a boa e velha: AÇÃO.

Segundo Nogueira, a ação é marcada por grande apelo popular, grande sucesso comercial e talvez o que os críticos mais torcem o nariz, justamente pela forma que se apresenta: de maneira rápida e maniqueísta com os temas abordados.

O gênero de ação do ponto de vista narrativo é marcado por características marcantes como: sequências frenéticas de ação, grandes cenas de perseguição, batalhas grandiosas e principalmente cenas de explosões megalomaníacas. Tenho certeza que já veio algumas cenas e filmes na sua cabeça ai, não é mesmo? Então vou trazer aqui alguns exemplos. 

Um clássico recente para ilustrar as cenas de ações frenéticas podemos pegar o exemplo de Vingadores Ultimato, em que logo após os heróis conseguirem regressarem os que estavam desaparecidos ao encontro dos Vingadores principais para a batalha final, contra Thanos e seu exército, antes daquela fala de Capitão América “Vingadores, Avante!!”, ali já podemos esperar uma sequência de ação em que Pantera Negra usa o seu poder para segurar a manopla de Thanos, enquanto que Feiticeira Escarlate usa sua magia para estourar a armadura do vilão. Já do outro lado temos o Homem Aranha entrando em modo de combate para proteger a manopla entregue pelo Pantera Negra, e abrir caminho para poder vencer a batalha. Ultimato cumpre não só no sentido de grandes cenas de ação , mas também de batalhas grandiosas. 



No filme Velozes e Furiosos 5: Operação Rio, temos uma cena frenética de ação em que Toretto e sua equipe além de roubar um cofre de um corrupto, ainda consegue desviar de todos os carros de polícia da sua frente em uma cena eletrizante de perseguição. Falando em explosão, me veio a mente aquela cena em Transformers - A vingança dos Derrotados, bem no início do filme em que a Equipe Next, formada por Autobots e humanos, entram em uma missão para acabar com os Decptcons na terra, e logo nessa cena, há um Decptcon formando dentro de um trator, uma explosão monstruosa.



“Os heróis e os vilões são claramente caracterizados e contrapostos, recorrendo muitas vezes a soluções de fácil descodificação semiótica, como a indumentária ou a própria fisionomia.” Muito legal, parar para pensar, o vilão é sempre aquela figura feia, ou suja, porca, enquanto o herói é sempre aquela figura bela, bonita, polida. Isso os filmes fazem questão de mostrar quem é o mocinho e quem é o vilão, esse não precisa ir muito longe, o próprio Matrix, e principalmente o Matrix Revolutions, aquela cena em que Neo e Agente Smith fazem um duelo épico na chuva, ali é a definição clara de luz e trevas e os grandes contrapontos.



“No que respeita à sua morfologia, ela assenta, sobretudo, numa aplicação de fórmulas bastante convencionais e facilmente reconhecíveis: um ritmo trepidante da montagem que serve sobretudo ao rápido desenvolvimento da ação e à intensificação dos picos dramáticos, uma planificação estilisticamente clássica e segura que reserva para cada plano uma função narrativa e dramática bem específica e inequívoca, uma utilização da música que sublinha emocionalmente o tom de uma situação ou o estado de uma personagem e um uso da fotografia sempre ao serviço da fácil descodificação da narrativa”. Já a minha análise sobre esse trecho é que asseguro que isso acontece com muita frequência, os longas de ação são pensado de forma em que fica fácil do telespectador entender qual é a mensagem, justamente por ser mastigado e entregue a quem assiste. Ao pensar na narrativa, podemos ver que as obras usam uma estética clássica e segura, ou seja, abusa dos clichês mais tradicionais e até a edição da obra é montada de forma rápida em um ritmo frenético para que o telespectador não tenha o que pensar, apenas receber em escala frenética as cenas. Mais uma vez volto com Velozes e Furiosos 7, praticamente na primeira cena em que Decakrd Shaw invade o escritório de Hobbs para pegar informações da equipe de Toretto, ali a sequência é toda trabalhada em planos, ângulos, edição e fotografia de tirar o fôlego, além do bom embate entre as duas figuras, as cenas são muito bem compostas, desde a cena em que Hobbs da uma chave com uma câmera virando em ponta cabeça seu arqui-inimigo e até a cena em que, salva sua parceira Helena de uma bomba, ao cair no carro de costas, segurando uma mulher e não quebrar nenhum osso. Observa só se não é o conceito perfeito da ação!

“As convenções deste género são das mais facilmente reconhecíveis e poderíamos falar, a título exemplar e quase paródico, de uma estética do estilhaço, da explosão, do salpico e da tangente: os estilhaços que rodeiam o personagem nos tiroteios mais desvairados; a explosão que arrasa cidades, edifícios ou mesmo planetas; os salpicos de sangue que se tornaram um dos elementos gráficos fundamentais da representação da violência; as tangentes das balas que, milagrosamente, nunca atingem o protagonista, solitário e invulnerável”. Ingredientes importantes que dão o tom do longa de ação, a certeza é que os tiros são personagens quase que principais em sua grande maioria, um exemplo disso que essa grande fórmula é Homem Aranha de Sam Raimi, na cena em o Homem Aranha vai salvar pessoas no incêndio e se depara com o Duende Verde, no diálogo vemos que Duende faz um convite para se aliar a ele, o amigo da vizinhança recusa, com isso o antagonista lança pequenas lâminas para acertar no herói e então ele tem que desviar delas. É um show de efeitos e ingredientes especiais que deixam o filme de ação ainda mais frenético e da gosto de assistir!!!



“Este gênero assume-se nitidamente como entretenimento, não visando colocar à discussão temas controversos ou problematizar situações ambíguas. O seu objetivo é, portanto, proporcionar ao espectador uma experiência de grande hedonismo. Os filmes tendem, desse modo, a esgotar o seu potencial hermenêutico muito rapidamente”. Não se preocupe, o gênero de ação não está preocupado em discutir um tema importante com você como assédio sexual, relacionamentos abusivos, estupro, aborto, sexo e muitos outros temas. Em minha visão fazendo um contraponto com a ideia do autor, ele só preocupa em meramente entretenimento e reforçar o prazer em estar ali, naquele momento, curtindo aquele filme de ação, muitas vezes, arrisco a dizer que usamos os filmes de ação como fuga da realidade ou “válvula de escape”.

Essa foi a minha análise do gênero de ação, diz ai nos comentários. Qual próximo gênero cinematográfico você quer estudar?


Nostalgia 2020: A Gata Comeu


A Gata Comeu é uma reedição da novela A Barba Azul (1974), exibida pela extinta TV Tupi, ambas foram escritas por Ivani Ribeiro. A Gata Comeu contou com a direção geral de Herval Rosano, foi produzida pela Rede Globo e exibida entre 15 de abril a 19 de outubro de 1985, e teve 160 capítulos. E é com uma grande satisfação que relembramos um pouco desta trama, que fez um enorme sucesso e é considerada até hoje uma das novelas das seis de maior audiência da emissora.



A geniosa Jô Penteado (Christiane Torloni), é uma jovem que já ficou noiva por sete vezes, mas nunca se apaixonou verdadeiramente. Porém sua vida muda ao conhecer o professor “tranquilão” Fábio (Nuno Leal Maia), viúvo e pai de dois filhos. O professor consegue uma lancha emprestada com o pai de Jô, Horácio (Mauro Mendonça), tendo a finalidade fazer uma excursão com seus alunos, por tanto, decidida a usar a lancha do pai, Jô embarca junto com Fábio e leva consigo um grupo de pessoas, que são eles: Lenita (Deborah Evelyn), sua confidente e irmã por parte de pai, Tony (Roberto Pirillo), que leva seu amigo Vitório (Laerte Morrone) que se diz ser “o famoso conde de Parma”, mas que na verdade trabalha como garçom, e o divertido casal Gustavo (Cláudio Corrêa e Castro) e Tereza (Marilu Bueno), amigos da família Penteado. 

Já Fábio leva a sua noiva Paula (Fátima Freire), Edson (José Mayer), quem conduz a lancha e é funcionário de Horácio, e mais seis crianças, todos alunos do professor. Após uma pane, a lancha acaba naufragando e indo parar em uma ilha, lá os personagens passam alguns messes e a relação entre eles não é nada amistosa, principalmente entre Jô e Fábio, este período da novela rendeu bons momentos.

Após serem dados como mortos, o grupo é encontrado por pescadores, e após retornarem à terra firme todos tem suas vidas transformadas. Jô enfim se descobre estar apaixonada por alguém, e esse alguém é o professor Fábio que fica enfurecido com a moça ao descobrir que ela sabotou seu casamento com Paula, que por sua vez passa a gostar de Tony.

Vitorio leva sua fama de conde chegando até os ouvidos da megera Gláucia (Bia Seidl), irmã por parte de pai de Jô, a mesma sonha em se casar com um homem rico. Porém acaba caindo na armação que foi arquitetada por Tony, seu ex-namorado.



Ao descobrir que Gustavo e Tereza estão “grávidos”, o casal entra em conflito com a filha mais velha Babi (Mayara Magri), que não gosta nada em saber que terá um irmãozinho. E por fim, a insegura Lenita se entrega ao amor com Edson, que por sua vez foi o grande responsável pela “pane” na lancha, sendo que na verdade o mesmo escondeu a chave da embarcação com o propósito de sumir com uma grande quantia em dinheiro que havia tomado nas mãos de um agiota.

A novela também destacou o famoso Clube dos Curumins, formado por Cuca (Danton Mello), Adriana (Kátia Moura), Cecéu (Rafael Alvarez), Verinha (Juliana Martins), Nanato (Sílvio Perroni) e Xande (Oberdan Júnior), alunos de Fábio que foram a excursão e que sonham em ter uma sede para o seu clube, para isso essa turminha aprontou inúmeras travessuras até conquistar o seu objetivo.

A novela foi solar, houve muita cena externa pelo bairro da Urca no rio de Janeiro, coisa que na época era muito raro para uma novela que em sua maioria era toda gravada em estúdio, o elenco estava em uma sintonia bacana e a época favorecia ao enorme sucesso que a trama fez. A Gata Comeu ainda contou em seu elenco nomes como Dirce Migliaccio, Anilza Leoni, Élcio Romar, Eduardo Tornaghi, Nina de Pádua, Luís Carlos Arutin, entre outros.



Segundo o site Teledramaturgia: O primeiro nome pensado para o remake foi Pancada de Amor Não Dói, um título péssimo, sabiamente trocado por A Gata Comeu. Quando começaram as primeiras chamadas, o nome causou estranhamento: o que a gata comeu, afinal? A referência estava na música de Caetano Veloso gravada pelo grupo Magazine (de Kid Vinil) para a abertura: “Ela comeu meu coração, trincou, mordeu, mastigou, engoliu, comeu…”. Jô era a gata que comia o coração de seus pretendentes. Outra interpretação pode vir da frase de apelo infantil “O gato comeu!”.

Abertura: A considero como a melhor abertura já produzida na era Hans Donner, a junção de cores, formas geométricas (a cara dos anos 80) e com o estilo Pop Art deram um toque a abertura que ainda trouxe como tema um rock bem irreverente. Poucos sabem, mas o ator que aparece numa briga com o gato na abertura é Breno Moroni que anteriormente participou da abertura da novela Champagne (1983), e posteriormente atuaria em produção de Ivani Ribeiro, A Viagem (1994), onde o ator deu vida ao enigmático mascarado Adonay.

Reprise: Sua primeira reprise ocorreu em 1989 no Vale a Pena Ver de Novo, ganhou uma segunda reprise em 2001, tornando assim a primeira produção a ganhar uma reexibição na sessão. Em 2017 foi reexibida na integra pelo Viva.



Trilha Sonora: Repleta de sucessos da época, a trilha de A Gata Comeu trouxe algo peculiar. Sua trilha internacional contava com a canção Crazy For You, de Madonna, este hit foi lançado para o filme Em Busca da Vitória (1985), porém ao descobrir que sua música estava na trilha de uma novela a rainha do pop exigiu que fosse retirada. Com uma situação inusitada, a Som Livre precisou retirar todos os discos que estavam à venda e lançar uma nova versão da trilha internacional que desta vez contou com Smooth Operator da cantora Sade.

As trilhas ainda contaram com, Só Para o Vento – Ritche; Choro – Fábio Jr.; Eu Queria Ter Uma Bomba – Barão Vermelho; Everything I Need – Men at Work; Heaven – Bryan Adams; Sonho Blue – Liliane; Amigo do Sol, Amigo da Lua – Benito de Paula; Everytime You Go Away – Paul Young; Forever By Your Side – Manhattans; entre outros sucessos.

Abaixo, confira a abertura da novela:





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